segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Olho.

O tempo passa como um sopro de vento
Enquanto a criança chora e cresce
O homem cria outras mil formas de enganar o mundo
Quando realmente enxergo, sinto absorver algo além daquilo que costumo captar
Vejo com os olhos do terceiro que apenas analisa e compreende
Entendendo que existe algo além da vida traçada
Algum ponto na história de cada um decisório em todo o percurso da vida
E aquilo que realmente define o que somos, vem de dentro de nós
Daquilo o que cerca alguém empurra para o envolvido e vice-versa

Quando tudo o que se pode observar nessa estrada
Com olhos de quem olha e apenas analisa
O cientista que estuda o homem
E cruamente é capaz de desvendar todos os segredos por trás da história de uma vida
Há momentos em que sou aquele terceiro
Sempre presente no espaço
Vezes, ausente com o coração
Encontrando em seu interior frieza o suficiente para realizar a análise real dos outros
Menos de si mesmo e daqueles que lhe confundem o coração
Pois todos nós, humanos, temos algo desumano
Eis o segredo e a essência da alma; contradição!

Sou o olho que reconhece no espelho apenas um reflexo
De tudo aquilo que poderia ser e que não foi
Exatamente como todas as vidas que tão bem e cruamente analisa nas ruas por onde passa
Sou o olho que vê e não entende a razão de ser tão fácil reconhecer algo no outro
E tão pouco em si mesmo
Que julga entender tão bem todas as coisas
Menos tudo o que tocou

sábado, 30 de junho de 2012

30 de julho de 2012.

Hoje voltando para casa
Sentada no fundo de um ônibus
Sempre no banco mais alto
Olhei da janela onde estava
E pude enxergar um infinito

Num dia de sol em pleno inverno
Ele brilhava como se não ligasse para o frio que deveria estar em seu lugar
Iluminava as ruas de São Paulo
E trazia vida para uma cidade onde nada se enxerga em cinco dia da semana
E me fiz então uma pergunta
Será então que num mundo tão grande
Há espaço para não viver?

Qual o valor da vida vivida em branco?
De que vale olhar sem enxergar?
Passar por mil pessoas e não sorrir a nenhuma?
Viver rodeado de gente e sentir solidão?
Sempre fechado dentro de si mesmo, fazendo do corpo um baú trancado e sem chaves

Não, não
Eu não quero ser assim
Quero abraços e sorrisos
Felicidade de verdade
Olhar e enxergar o que há de maior por trás de tudo
Poder andar e sentir o vento batendo contra o corpo

Ser feliz por ter vida e só
E realmente sentir a vida dentro de mim
Quero ver o mar e sentir a água entre meus dedos
Observar o pôr-do-sol e entender toda a luz do mundo
Saber que sempre há muito mais do que se vê
E que não existe espaço para tristeza qualquer

Viver os dias e fotografar com os olhos
Tudo aquilo que procuro guardar no coração. 


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Makes the blood pump harder inside the veins
Makes the pressure falls and the heart beats like it´s fluttering in your chest
How bad can you imagine something like this?
Please help me cause when I think about it
Feels like I´m being completely depredated again.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

La vie...

O tempo passa de forma tão inconstante
A verdade de hoje pode se transformar no passado de um amanhã
Mais rapidamente que um piscar de olhos

Eu vejo minha vida de hoje
E enxergo a distância enorme com a de ontem
Tudo se transforma
E é tudo tão estranho
Que deixa até mesmo de fazer sentido

Quase nada faz sentido
São os caminhos que seguimos
Que todos seguem
São as escolhas alheias
Que interferem no nosso destino

Chega a ser bizarro imaginar
Que o seu decidir sair de casa numa tarde de domingo
E o meu decidir andar nas ruas na mesma tarde de domingo
Ou um cinema, talvez
E o nosso cruzar
Possa significar a mudança de tudo o que conheço como verdade hoje em dia

Talvez o que eu espere realmente seja uma grande modificação
Ou algo grande
Maior do que o que vejo hoje em dia
Para me abrir os olhos
Para me mostrar uma nova perspectiva

E assim
Conforme todas as vidas se movem ao redor do mundo
A minha é baseada numa constante espera
Por uma grande modificação
Que pode se dar mais rapidamente
Que um piscar de olhos

terça-feira, 8 de maio de 2012

Um texto para alguém mais que especialmente especial.



Maria Angélica Cardoso Pereira


Faz um mês que aconteceu e eu até agora não disse nada. Dia 07 de abril, Lollapalooza em sua versão brasileira. O feriado tinha tudo para ser extremamente feliz. Foo Fighters, páscoa e almoço em família no domingo. Porém havia algo, uma coisa que trouxe, ao contrário, extremo desconsolo para todos nós: meus pais, irmão, tios e avós, e conhecidos.


Em tal dia, 07 de abril, por volta das 18h, enquanto eu aguardava que se iniciasse o show da Joan Jett, uma pessoa extremamente especial faleceu. Seu nome era Maria Angélica, e a ela eu dedico este texto com todas suas palavras, bem como todos os momentos nos quais senti sua ausência desde então. Sei que levou tempo para que eu escrevesse, talvez por não saber ou entender muito bem aquilo que deveria ser dito, ou ainda apenas para evitar de tocar no vazio que ela deixou em algum lugar ao partir.


Pois bem, Maria Angélica faleceu aos 86 anos de idade. Fora mãe de três filhos e avó de quase dez neto. Na década de noventa, foi bisavó de uma menina e de um menino: eu e meu irmão. Pouco tempo, muito pouco tempo antes de nos deixar, foi bisavó por mais duas vezes. Provavelmente, se eu quisesse escrever um livro sobre sua vida, poderia, muito embora minha mente imatura de 19 anos não permita nem de longe que eu obtenha ideia das coisas pelas quais Maria Angélica passou no decorrer dos anos de sua  longa vida. Mas que teve história para contar e coisas a ensinar, não tenho a menor dúvida. Eram coisas boas e ensinou bem. Sei disso. Qualquer um que conheça minha família irá entender. 


É quase engraçada a forma com que enquanto escrevo esse texto, me vem à mente desvendar os mistérios da vida de Maria Angélica. Quais segredos guardaria alguém que nasceu em 1926? O pensamento é instigador. Com muito orgulho, digo que minha bisavó aprendeu com a vida aquilo que tentaram me ensinar na escola. Muito pequena, presenciou a Crise de 29, depois a Revolução de 30, Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria, o nascimento e a queda do Muro de Berlim. Provavelmente assistiu nos cinemas a maior parte dos filmes de Charles Chaplin, presenciou orgulhosamente a participação de seus filhos em busca de um país melhor nos tempos de ditadura, sempre tentando ensiná-los a dar o melhor de si, sempre encorajando a seguir em frente e alimentando com força, fé em suas crenças, dignidade e respeito. Não há palavra no mundo que explique o sentimento de orgulho e carinho que guardo por minha sempre querida bisavó!


E todas as vezes em que me lembro do tempo que passamos juntas, todas as vezes em que agora penso em tudo aquilo que deixei de perguntar a ela, tudo aquilo que deixei de aprender com ela, todo o tanto que dela deixei de conhecer, bem como todo o carinho de bisneta que talvez eu tenha deixado de dar, meu coração parece bater de um jeito estranho dentro do peito, meio como um descompasso, e acho que o nome disso tudo só pode ser saudade. Talvez seja essa uma das saudades mais profundas que já senti na vida, talvez a mais profunda, talvez uma das únicas verdadeiramente reais.


Nos seus últimos dias de vida, quando ia a visitar aos finais de semana, me lembro dela com ternura e afeto. Como será possível que uma pessoa prestes a deixar o mundo humano e com plena consciência de sua situação, com plena consciência da fase pela qual estava prestes adentrar, pudesse continuar a viver com tanta tranquilidade, tanta coerência e lucidez? Não acho que eu seria capaz. E isto aumenta ainda mais os meus motivos de orgulho.


Se existe um dia que para sempre lembrarei com felicidade por ser quem sou, tal dia foi quando, pela penúltima vez em que a vi, sua ajudante, enquanto estávamos sentadas observando-a dormir, contou-me de como ela sempre falava sobre mim coisas boas com orgulho e alegria. Mal poderia ela imaginar que verdadeira alegria foi aquela que senti quando fiquei ciente de seu carinho. E tal alegria, digo mais uma vez, guardarei eternamente.


Não sei bem se essas poucas palavras são dignas da grandeza da pessoa que foi minha bisavó, embora certamente compreenda que jamais chegarão perto de fazer jus a sua história. Mesmo assim, constituem-se de todos meus sentimentos mais sinceros. E de tal modo, após pouco mais de um mês de atraso, reflexão e saudades, deixo meu mais feliz adeus. Feliz sim, pois despedidas como esta não devem ser coisa triste. Se há algo que minha bisavó mereça, tal algo nada mais é que felicidade. Alegria, por ser exatamente o que ela sempre transmitiu a todas pessoas que viviam ao seu redor. Assim sempre me lembrarei dela: um par de olhos azuis, um sorriso no rosto, e um arsenal de grandes histórias de uma vida inteira para contar.


Aonde quer que esteja, minha avó querida, espero que agora escute atentamente ao que por último irei aqui dizer: para sempre amarei e lembrarei de você. 

domingo, 29 de abril de 2012

Dreams


Anos, meses, dias, horas, minutos
Tudo continuamente tão rápido
Que também os segundos já nem mais se vê

Quantas pessoas especiais vão continuar sempre a mudar?
E os fracos, quantos estragos ainda irão causar com suas dores?

Olho para os cantos buscando respostas que jamais poderão ser concretas
Ao contrário, apenas impossíveis por inteiro
A verdade é sempre incerta
Eis algo que jamais deve ser esquecido

Tantas vezes, de tristeza a vida se faz...
Quando erros somados às armadilhas do acaso pegam a todos desprevenidos
Desmontam os cegos de coração
E quando se volta a enxergar, acontece de nada mais poder ser feito

Muitas vezes só é preciso permitir abrir um pouco mais os olhos
E sentir tudo passar
Deixar ir embora
Exatamente como plumas
Brancas
Como o vento
Voando
E batendo em nossos rostos.
Assim, mais uma vez, respirar..

Pense,
Que jamais se deve deixar de sonhar
Ou abandonar um sonho
Tudo me parece tão inadequado
Quando se trata de deixar um amor
Qualquer seja sua forma.

Olhe aqui, se tudo está nos olhos de quem vê
Cada um enxerga apenas aquilo que deseja
E aqui retornamos à verdade, sempre relativa

Por isso existem tantos enganos e desenganos
Tantos enganos pelo mundo todo
E a gente nunca compreende o que realmente deve ser
Ai quem sabe, fechar os olhos?
Tudo é oposto
Vidas inteiras têm na construção de suas bases, pura e genuína contradição.


"We are such stuff as dreams are made on, and our little life
is rounded with a sleep." William Shakespeare

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sobre mim nada mais já sei
Que não seja o conflito sobre aquilo tudo que realmente sou
Meus olhos refletindo não dizem muita coisa sobre a individualidade de alguém
Ou apontam peculiaridades comuns a todos aqueles por ser humano determinados
Aquilo que desejo, já não sei
Aquilo que amo, já não compreendo
Meus objetivos se confundem entre caminhos de moldes irregulares
E já não sou mais capaz de distinguir nem mesmo aquilo que sempre acreditei ser verdade em algum lugar de mim
Então o que sou, afinal?
Montes de dúvidas e questionamentos talvez impossíveis de se responder
O densentendimento do passado com a incompreensão do presente
Medos e temores adicionados à vontade de refazer o todo que existe aqui
E seguir adiante
E fazer de novo
E tentar
E recomeçar
Sempre, recomeçar.
Com a esperança de um novo dia que traga algo milagrosamente regenerador
Ou apenas apto a modificar mesmo que uma pequena parcela do que precisa ser alterado em mim
Preciso mudar em mim.
Preciso que mude em mim.