quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O teatro em mim.

Bom, hoje eu estava com vontade de escrever sobre teatro. Sobre o meu teatro, sobre o que ele significa para mim. Esse tema segue uma linha diferenciada dos assuntos que eu costumo abordar nesse blog. Fala um pouco menos de mim. É sobre mim, mas de uma maneira diferenciada. Tem mais a ver com a visão que tenho sobre o teatro, e o que ele significa em minha vida. Minhas experiências teatrais, enfim. Acho que já posso começar.
Sempre tive vontade de estudar teatro. Sempre, desde pequenininha. Desde a época em que eu assistia desenhos animados na televisão e tinha vontade de ser aqueles personagens com poderes incríveis, surreais. Quis fazer teatro toda vez que alguma coisa me deixava extremamente entusiasmada. Um filme, uma história, uma pessoa, uma coisa. Tinha vontade de ser aquela pessoa, aquela coisa. Tinha vontade de viver aquela história.
O tempo foi passando e eu crescendo. Minha vontade de teatro aumentava à medida que eu descobria mais profundamente o mundo, formava meu caráter, minha mente, minha personalidade. Minha compreensão sobre o mundo aumentou. Adquiri então a capacidade de distinguir o real do irreal, o moral do imoral, criei minha própria forma de enxergar o mundo ao meu redor. Cresci, aprendi, comecei a longa jornada de formação que um ser humano tem na vida. Passei a observar a arte de uma forma mais ampla. Percebi que arte não se limita. Descobri que as pessoas que estavam presentes nas telas que eu sempre adorei assistir e observar, faziam um tipo de arte. Aquelas pessoas que me divertiram quando eu era pequena em teatros também faziam um tipo de arte. Uma arte que me interessava muitíssimo. Uma arte que eu continuava a querer compreender e explorar.
Acredito que apesar da minha timidez infantil, eu tenha feito algum comentário como “quero ser atriz”, ou algo do gênero, para minha mãe. Não me recordo ao certo. Sei que a vontade existia em mim. Comecei a imitar falas de personagens do cinema, da tv. Pegava textos e os lia procurando uma coisa que no futuro eu chamaria de “entonação”. Comecei a criar o teatro em mim. Meu entusiasmo crescia de maneira exacerbada quando havia algum trabalho escolar que pedisse teatrinho. Mesmo que eu falasse apenas uma fala na apresentação inteira. Não creio que nenhum dos meus antigos coleguinhas de escola jamais tenha ficado tão feliz quanto eu nas apresentações para o resto da sala. E assim as coisas foram acontecendo, até o dia em que abriram uma oficina de teatro no colégio onde eu estudava.
Matriculei-me no curso. Comecei a conhecer um pouco do verdadeiro teatro. Exercícios em grupo, leitura de um texto, essas coisas. Foi bom para mim. Vejo como o empurrão que eu precisava para me abrir mais à arte. O curso durou uns quatro meses. Eu larguei minhas manhãs de “crisma” para poder assistir as aulas. Depois, nunca mais voltei.
O ano acabou, e as aulas também. Chegou à época das férias escolares. Em um dos dias de janeiro, minha mãe leu no jornal da cidade que inscrições para a oficina de teatro do SESI seriam abertas. Eu me inscrevi, e a partir do final de fevereiro, comecei a freqüentar o teatro de lá todas as quinta - feiras à tarde. Devo admitir que não gostei muito do curso. Não sei, alguma coisa não me agradava, da mesma forma que não agradou algumas amigas minhas que também participaram de algumas aulas. O professor era um pouco estranho. Elas acabaram deixando a oficina. Eu continuei até o final do ano. Apesar de o professor não me agradar muito, era uma boa pessoa. Sabia bastante sobre teatro. E fiz alguns amigos por lá, na época.
Como encerramento do ano, houve uma apresentação. Cada aluno apresentou um quadro individual. Alguns apresentaram cenas em duplas também. Tudo bastante amador e improvisado, mas a experiência foi sensacional. Meu único público convidado era minha mãe, não chamei mais ninguém. Era primeira vez em que eu me apresentava para uma verdadeira platéia. Primeiras vezes costumam ter um quê de diferente. Descobrimento, a adrenalina do experimento. É quando se entra em evidência consigo mesmo. Quando se descobre os gostos que realmente são agradáveis ou não. O gosto do palco me agradou.
Depois dessa apresentação, não refiz minha matrícula no SESI. Fiquei sabendo a data dos testes do Wolf. Um amigo meu havia tentado estudar lá um ano antes. Eu cheguei a ir com ele me inscrever, mas era demasiadamente nova. Então, uma vez que tinha a idade adequada para estudar em tal escola, decidi tentar fazer o teste. Fizemos eu, e uma outra amiga. Fomos para a segunda fase, a qual ela não conseguiu passar. Eu fui aprovada. Gostaria de falar um pouco mais sobre esses testes.
No primeiro dia, houve apenas exercícios. Dinâmicas de improvisos, trabalho de corpo, e reação diante de câmeras. Para fazer o segundo teste, ligávamos na escola perguntando o resultado do primeiro. Os aprovados compareceram uma semana depois para participar da segunda fase. Enfim, tive que sentar na frente de cinco professores e improvisar uma situação. Eles me deram um tema, e exatamente um minuto para criar. Eu terminei de 15 segundos, com a certeza de que seria reprovada. Não sei porque, mas fiquei muito nervosa. Eles me deram uma segunda chance. Pediram que eu contasse a história do Pequeno Príncipe. Eu ainda não havia lido o livro. Respirei fundo, e comecei a inventar.
Em minha mente, o Pequeno Príncipe se tornou um adolescente azul que vivia sozinho dentro de uma bolha azul, morava numa casa azul, e era extremamente solitário. Para sair da bolha e encontrar sua princesa no mundo real, ele rasgou a bolha com suas unhas dos pés. Podre, eu sei. Mas me garantiu uma vaga na escola de atores em que me formo no começo do ano que vem.
Não quero ser descritiva agora. Se fosse escrever todas as minhas experiências no Wolf, o resultado seria um livro. Mas posso dizer, com a maior convicção do mundo, que cresci muito lá dentro. O teatro me tornou uma pessoa diferente. Não consigo imaginar o que seria de mim caso não tivesse estudado teatro. Acho que seria completamente o oposto. Talvez não tão confusa, talvez ainda feliz, apenas diferente do que sou hoje em dia. Talvez eu não tivesse criado esse blog, talvez eu não escrevesse hoje em dia. Certamente, eu seria outra Giovanna. Mais tímida, com certeza. Mais fechada. O teatro mexe com a mente do ser humano. Com a mente, e com os sentimentos. Mexe, modifica, e melhora. E me melhorou em muitos sentidos. O teatro é para mim, terapia mental e corporal. Eu me descubro no teatro. Eu descubro os outros no teatro. Eu estudo a mente, o ser humano, no teatro. E amo isso. Amo mais do que muitas coisas em minha vida.
Agora, com dezoito anos nas costas, e no meu segundo processo de montagem teatral, posso dizer que estou completa. Feliz, de uma forma serena. Feliz de poder aprender e compartilhar com outros atores, e futuramente, com o público. Tenho certeza de que será uma experiência mais encantadora ainda que a anterior. Quero dizer, serão experiências encantadoras. Tanto a teatral, quanto a de cinema. Tenho gosto de assistir as aulas. Tenho gosto de ouvir o que meus professores e amigos têm a dizer. Amo muito tudo isso, definitivamente. E sou feliz por fazer o que faço.

sábado, 18 de setembro de 2010

Sobre meus textos...

Uma coisa andou me incomodando bastante nos últimos dias. Uma coisa que diz respeito ao meu blog, aos meus textos, a mim, e aos meus amigos. É que andam lendo bastante o meu blog. E também, andam me fazendo bastantes comentários a respeito dele. E eu fiquei meio confusa com alguns desses comentários. Acho que algumas das coisas que eu escrevo remetem a uma visão errônea do que realmente sou e sinto. Não quero mais que isso aconteça.
Quero primeiramente dizer, que não tenho a menor intenção possível de fazer com que meus textos aparentem uma tristeza inexistente. Não sou triste, de jeito nenhum. Na verdade, sou muito feliz. Muito feliz mesmo. Sou uma pessoa feliz que tenta se auto-analisar escrevendo. Eu escrevo sobre as minhas inseguranças. Escrevo sobre a minha humanidade. E todo ser humano tem suas questões.
Se em algum momento eu aparentei certa tristeza, não foi por querer. Talvez por descuido, mas jamais por querer. Quero apenas aparentar ser o que realmente sou. E não sou Goethe, nem vivo na época do romantismo. Os poetas românticos que fiquem com a sua tristeza, eu não a desejo para mim. Também não pretendo escrever sobre borboletas azuis e flores. Essa vertente pertence aos árcades. Desejo apenas ser quem eu sou. Escrever o que penso. Falar o que sinto. Mostrar o que está presente e oculto em meu interior. E só quem é proprietário de algo realmente sabe do que ele se trata. Sendo assim, apenas eu sei o que se passa em minha mente. Apenas eu sei o que realmente me constitui. E vou fazer o possível, de agora em diante, para não evidenciar algo que não tenha sido premeditado. Não quero mais transmitir imagens tão distantes da minha real imagem. É, eu sou assim.

sábado, 11 de setembro de 2010

Ideais para uma vida...

Ultimamente andei pensando muito sobre mim e sobre minhas questões. Pensei em quanto tem sido difícil me resolver com o mundo, decidir. Gosto de milhões de coisas ao mesmo tempo, e acho que isso me atrapalha um pouco. Me deixa um pouco perdida no meio de tantas idéias e vontades. Quase cheguei a me julgar mal por querer tanto, tanta coisa. Por gostar de coisas tão diferentes entre si.
Depois, conclui que não há mal nenhum na forma em que me sinto. Não há mal nenhum em querer. Prefiro mil vezes querer o mundo inteiro, do que não querer. O grande problema na verdade, é não querer nada com nada. E sinto dó de quem é assim. Tenho pena de pessoas que vivem sem vontade de viver, sem ideais. Pessoas que não vivem para evoluir. Pessoas que só se importam com saídas e bebedeiras. Não que isso seja errado, faz parte. É comum sentir vontade de se divertir. È comum sentir vontade de aproveitar a vida. O que não é comum, é ter uma vida vaga. E pessoas que vivem só de bebidas e curtição, levam uma vida vaga.
O ser humano tem que ter um ideal. Se não, a vida deixa de fazer sentido. Uma vez que somos a forma de vida mais provida de inteligente no Planeta Terra, não acho que exista algo mais digno do que utilizar essa qualidade. Esse dom de poder saber. A capacidade de entender um pouco mais sobre o mundo que nos cerca. Querer utilizar o cérebro para fins construtivos. Fazer alguma coisa pelo mundo. Fazer alguma coisa pelos outros. Fazer alguma coisa pelo presente, pelo futuro. Fazer alguma coisa por mim.
Quero continuar a querer muito de tudo. Quero continuar a querer evoluir e conhecer cada vez mais. Nunca quero ser uma pessoa acomodada. Não quero viver sem ideais. Meus ideais fazem de mim o que realmente sou. Eu sou o que eu quero. Eu sou o que busco. E não me contentaria jamais em não buscar nada. Vivo para viver. Vivo para crescer em todas as formas que me forem convenientes.

domingo, 5 de setembro de 2010

Descobrimentos de mim.

Hoje eu tinha um plano. Cogitava transformar minha noite em mais uma noite comum da minha existência. Televisão, livros, música, internet, comida, cama, travesseiros, cobertores e talvez um pijama quente; que provavelmente vou usar pela última vez (ou talvez mais algumas) no ano. Repintei meu cabelo recém avermelhado, tentei o transformar num leve castanho. Sentei na cadeira do computador. Entrei no meu querido MSN. Conversei com uns amigos. Foi então que uma janela surgiu piscando. Era uma amiga que admiro muito, e que já não via bastante há bastante tempo.
Ela me chamou pra sair. Disse que queria conversar. Eu disse que estava largada em casa, literalmente largada e desleixada. Ela disse para eu vestir qualquer coisa, e que viria me buscar. Aceitei. Comei a me arrumar. Calça jeans, bata cor – de – rosa, meias cor - de – rosa, bota Peter Pan, casaco de lã com estampa de oncinha, cachecol cor – de – rosa escuro, sobretudo preto. Brincos e maquiagem. Chapinha na franja. Observei a nova coloração do meu cabelo. Ficou castanho avermelhado, “menos pior”. Sim, eu estava pronta. Ela se perdeu no meio do caminho, GPS´s são uma merda. Acabei tendo que ir andando ao seu encontro. Os carros não estão em casa.
Enfim, acabamos indo a um barzinho onde tocava samba. Encontramos mais duas amigas dela, por coincidência. Eu já conhecia uma, a outra não. Garotas simpaticíssimas. Sentamos, bebemos, conversamos. Na verdade, eu só tomei uma espanhola, mas enfim. Gostei. Deixei o pré-conceito de lado, e realmente curti a música. Posso ser bem ignorante e preconceituosa no que diz respeito a algumas coisas. Tocaram a música da “Rosinha”, que inclusive vou ouvir agora. Lembrei dessa música um dia desses. Foi bom ouvir.
Bom, só escrevi tudo isso por que a situação foi importante para mim. Me fez refletir e pensar em mim. Sobre como às vezes me isolo. Acho que talvez isso faça parte do meu caráter. Gostar de ficar sozinha comigo mesma. Ficar com as minhas coisas, e com os meus pensamentos. Só eu, e eu. Gosto da minha própria companhia. Acho que me faço bem. Embora, hoje tenha aprendido uma lição. Todos precisam de companhia. Não uma companhia apenas pessoal, companhia alheia. Presença dos outros.
Amigos fazem parte da vida. Não só fazem parte, como também fazem um bem extremo e inexplicável. Amigos trazem mais vida a vida. Trazem mais risadas e bons momentos. Mais memórias para ficarem gravadas. Mais situações agradáveis em que se possa lembrar no futuro. Trazem mais aprendizado e algo que não consigo explicar. Amigos completam. Amigos nos dão tudo aquilo que não conseguimos obter sozinhos. Amigos são amor e cumplicidade. Eu amo todos os meus amigos, mais do que até eu mesma possa imaginar. “Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”.
Não quero nunca mais me esquecer disso. De que preciso dos outros. De que preciso de uma companhia que não seja a minha própria. Preciso de risadas que não venham de filmes e livros. Preciso de risadas que não se resumam às histórias do meu irmão. Preciso, preciso, preciso compartilhar. Preciso sempre viver mais. Preciso aproveitar mais. Talvez eu até mesmo precise beber mais e fumar mais. Contanto que isso me torne mais feliz, preciso. Preciso de bebidas, cigarros, roles, e amigos e samba. Preciso de mais diversão. Preciso tornar meus dias mais contentes, coloridos, cheios de risadas, novos rostos e companhia. Preciso de mais retratos em formato de filmes em preto e branco para guardar no meu arquivo mental. Preciso de mais memórias epifânicas.

sábado, 4 de setembro de 2010

Devaneios por mim...

Sumi daqui por alguns dias. Não escrevi durante um breve intervalo. Mas hoje, num dia nem vazio nem cheio, me bateu uma vontade de falar alguma coisa. Não precisa fazer sentido, apenas aliviar. Acho que o que tenho que colocar pra fora não vai fazer sentido algum.
Bom, eu estava aqui viajando em meus próprios pensamentos. Pensei em ontem, pensei em hoje, em amanhã, e na semana passada. Pensei nos outros. Pensei um pouco em mim. Pensei no feriado de sete de setembro. Não no que ele significa, mas nas conseqüências que a sua existência induz na vida dos cidadãos brasileiros. Quero dizer, nas modificações que um feriado causa no percurso diário da sociedade.
Pensei em minhas amigas. Pensei em meus amigos, também. Pensei em muitas pessoas, coisas, e vidas ao mesmo tempo. Vivo a fazer isso. Pensar na vida dos outros. Não intrudir nem julgar, apenas analisar com olhos curiosos o curso da vida, das vidas. Sei lá, vai entender.
Hoje o dia está quente. Já passam de seis horas da tarde, está escurecendo. E eu continuo com aquela sensação estranha que costumo ter. Seria muito mais fácil escrever sobre alguma coisa conhecida agora, mas não saber o que se passa em mim me intriga exageradamente. É como se eu quisesse entender um pouco mais o significado. Preciso entender um pouco mais de mim. Preciso entender melhor o poder que as coisas ao meu redor têm em relação a mim. “Alguma coisa acontece no meu coração...”.
Observei mentalmente há alguns minutos, muitas diversidades. Situações. Quase pude ver a galera bebendo no churrasco do meu primo. Minha tia-avó perplexa com a força, e a energia da juventude. Vi meu primo e meu irmão se abraçando ao comemorar a alegria de mais um dia de união. Mais alguns momentos de felicidade para ficarem registrados nos quadros da memória.
Botando em prática a letra de uma música, “se lembrar de celebrar muito mais”, pensei no bar aonde fui com umas amigas ontem. Pensei no fluxo causado pelas pessoas quando cantavam Cazuza. Fluxo cósmico e energético. Energia cósmica gerada pela expressão dos seres humanos.Dançando, gritando, se comunicando. Pensei nos risos, na bebida, na amizade, na troca de tudo aquilo que não é concreto e nem pode ser explicado. Pensei em como tudo isso me comove. Energia, vida. A vida me encanta. A energia produzida pela vida me encanta.
Ao observar casais, pensei no amor que não sinto, não tenho, não encontro, nem consigo encontrar nos caminhos por onde me arrasto.Pensei em com às vezes posso ser cruel comigo mesma e com os outros. Senti alguma pena de mim. È triste uma pessoa que não sente. Embora, mais triste ainda, seja aquela pessoa que não quer sentir. Por medo.
Pensei em como o fluxo da vida é bonito, e em como as pessoas lutam para poder conquistar as coisas que almejam. Pensei em contas, em livros, em aprendizado, em criação, pensei em arte. Pensei nos meus amigos atores, artistas. Naqueles que praticam a arte. Atores, escritores, diretores, criadores, contadores, administradores, pensadores, advoga-dores, economista-dores, publicita-dores, jornalista-dores. Todos criadores, todos artistas. Afinal, todas essas profissões só existem por que foram criadas. E continuam sendo constantemente criadas. Quem cria, imagina, evolui. Quem cria, pensa. Quem cria, é artista. Todo ser humano é artista. Todos têm e vivem com a sua arte, por mais peculiar que ela seja. O mundo é uma arte. Viver é outra arte. Vivarte.