domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sobre mim nada mais já sei
Que não seja o conflito sobre aquilo tudo que realmente sou
Meus olhos refletindo não dizem muita coisa sobre a individualidade de alguém
Ou apontam peculiaridades comuns a todos aqueles por ser humano determinados
Aquilo que desejo, já não sei
Aquilo que amo, já não compreendo
Meus objetivos se confundem entre caminhos de moldes irregulares
E já não sou mais capaz de distinguir nem mesmo aquilo que sempre acreditei ser verdade em algum lugar de mim
Então o que sou, afinal?
Montes de dúvidas e questionamentos talvez impossíveis de se responder
O densentendimento do passado com a incompreensão do presente
Medos e temores adicionados à vontade de refazer o todo que existe aqui
E seguir adiante
E fazer de novo
E tentar
E recomeçar
Sempre, recomeçar.
Com a esperança de um novo dia que traga algo milagrosamente regenerador
Ou apenas apto a modificar mesmo que uma pequena parcela do que precisa ser alterado em mim
Preciso mudar em mim.
Preciso que mude em mim.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Miragem

Isso tudo me faz pensar
Como é triste saber que há coisas que não retornam jamais
Bons momentos, amizades, algo que um dia trouxera alegrias ou boas sensações
Algum cheiro bom ou sentimento bonito
O fruto que já agora se encontra provavelmente perdido
E descobrir que tudo não foi tão bem aproveitado
Talvez mesmo um pouco desperdiçado
Então uma sensação estranha sopra em algum lugar dentro da gente
A lembrança que chega e faz sentir no peito algo um pouco vazio
Nada de calor, tampouco reconforto
O nome disso tudo é saudade.
Se houvesse condição de voltar no tempo e reviver boas lembranças...
Se houvesse condição de aproveitar tudo até o último segundo de um momento
Se antes do fim o sentimento de saudade por nós já fosse conhecido
Quem sabe tanta coisa não pudesse ser extremamente diferente no mundo
Quem sabe o planeta Terra não fosse um lugar mais feliz?
E as conseqüências da felicidade apenas trariam bem, enfim.
Apenas uma vez que nada é o que parecia
Nada é o que se imaginava
Tudo é o que se temia
Agora eu poderia dizer um pouco mais sobre os enganos da vida
Tudo aquilo que acreditou ser verdadeiro e nada passava de uma simples miragem refletindo sobre nossos olhos
A vida é assim e sempre será...
Até o dia em que mudarmos algo muito grande dentro de nós.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Talvez, muito talvez.

Talvez 3:26 da madrugada fosse um bom horário para eu estar dormindo e seja um péssimo horário para bloggar, e mesmo assim cá estou eu 3:27 da madrugada (o tempo passa rápido, minha gente)tentando encaixar minhas palavras no tempo curto que passa tão rapidamente e quando eu menos esperar já será 03:28 (agora). Minha internet da vivo está tão lenta que não consigo ao menos twittar "I know exactly who I´m", tenho sido picada por pernilongos há horas e há um projeto de mariposa voando perto da minha mesa de jantar (ou a mesa de jantar da minha mãe, ou da casa dos meus pais, para ser mais precisa). Estou com uma alergia atacada no pescoço e quanto mais eu cutuco a alergia mais ela irrita a minha pele. Hoje assisti dois filmes na sala (coisa que não faço há umas boas semanas), algo que resultou num surto repentino de vontade de desenhar (seja lá qual for a estranha razão). Eu, desenhando. Eis uma das coisas mais nonsensical que podem existir, porém algo de que sempre gostei muito durante toda minha vida (mesmo que muito secretamente). Aliás, eu desenho mal pra caralho. Bom, agora são 3:33 da madrugada e minhas canelas estão coçando por causa das picadas e o meu pescoço está ardendo devido à alergia e esse meu texto não faz nenhum sentido. E dai? E dai que uma vez um amigo meu me disse que não se deve falar em primeira pessoa em um blog, pois tal atitude torna o narrador/persoganem/principal extremamente vulnerável aos olhares alheios. Isso significa que eu realmente não deveria contar que os meus desenhos de hoje envolveram frases como um mantra por mim muito estimado, uma frase inglesa oriunda da primeira metade do século XX, e uma música argentina. Ou então que eu escrevi tudo à lapiseira e pintei tudo à giz. Muito menos que eu gostei do que fiz e me senti bem desenhando feito uma criança estudante pré- escolar e sem talento algum (diga-se de passagem). Nem sobre a intensidade do bem que desenhar assim tão mal causou em alguma parte de mim ou sobre como estou me sentindo tranquila agora ou sobre como tais momentos fazem com que eu me sinta plena em todos os sentidos no que diz respeito àquele tal de auto-conhecimento. Então talvez agora eu possa terminar explicando o meu tweet "I know exactly who I´m". Sim, digo que "I know exactly who I´m" e agora posso dormir muito mais que tranquila. Boa noite a você também, que sabe "exactly who you are". Adios!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Vale a pena no meio de tanta confusão.

Dia 08 de dezembro e o ano cada vez mais próximo do final. Você para e pensa sobre tudo ao seu redor e percebe que o tudo é sempre a mesma coisa toda. Pode não fazer muito sentido, mas é assim. Você continua acordando atrasado, trabalhando e reclamando, está quase de férias da faculdade (caso já não esteja), vê amigos com certa frequência e todos os dias continua a fazer sempre e sempre a mesma coisa.
Procura livros que digam algo sobre isso tudo ou sobre si mesmo e fica puto quando descobre que quase nada pode dizer alguma coisa sobre aquilo que nem mesmo você sabe o que deve ser que possa dizer. Você anda nas ruas e vê coisas e gente o tempo todo e mesmo assim não consegue entender o que significa ver essas coisas e pessoas e cachorros andando, gatos talvez, todos aqueles carros enchendo as ruas e fazendo barulhos, um puta sol forte e calor, muito calor, e a vontade de poder estar em qualquer outro lugar junto a vontade de poder estar apenas onde se está, modificando talvez aquelas coisas que te fazem querer estar distante e juntando-as a partículas que perpetuam aquilo que se pode chamar de felicidade, os seus amigos, alguma coisa inusitadamente engraçada, ou o modo com que o sol apesar de forte e quente carrega resquícios que aquecem alguma coisa por dentro, ou um cachorro bonitinho fazendo graça na rua, ou presença de uma pessoa para ajudar outra, perceber que o mundo apesar de muito podre também é muito bom e que sempre existem dois lados diferentes de uma mesma moeda, ou dar um beijo na sua mãe, rir, rir, rir e rir como se os dentes pudessem saltar da face, alguém para conversar e entender, ou apenas uma calmaria interior quando você deita em sua cama ou toma um banho ou anda pelas ruas para chegar a algum lugar, uma calmaria que tranquiliza e chega ao cérebro causando as mesmas sensações que uma música doce e boa soa aos ouvidos.
Então você para e pensa assim: mas o que! Qual o sentido disso tudo ou será que tudo valeu, vale, valerá a pena e os maus momentos também, por que os bons mesmo que pequenos sempre conseguem fazer desaparecer qualquer mau momento ou má lembrança, adoçando aquilo que se encontra amargo ou clarificando o que está escuro. E então você se lembra que como por Fernando Pessoa já fora dito, ‘tudo vale a pena quando a alma não é pequena’. E ela não é.

domingo, 13 de novembro de 2011

Nó.

Doçura real ou fictícia
A mentira na verdade
Ou a verdade entrelaçada com a mentira
O que somos afinal?
Multidões de contrariedades
E personalidades mal formadas
O sorriso e a tristeza
A verdade e a mentira
O amor e sua ausência
Raiva, rancor, ressentimento
Felicidade, bem querer, saudade
A criação do hoje embasada em retrato anterior
E aquilo que nos forma; pedaços de lembranças
Resquícios de inveja e admiração por outrem
Inveja e admiração e seus limites tênues
Um devorado ao raiar do outro
Falta de nexo por meio de todo o aparelho cerebral
E o coração sendo enganado pelo cérebro
E o cérebro esmagado pelo coração
Então o que nos torna nós, afinal?
O que nos torna nós?
Nós.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Apenas mais uma noite como esta...

Noites amenas como esta
Depois de um dia longo e rotineiro
E andar nas ruas e fazer alguma coisa para comer
Depois sentar na cama e acender um cigarro
E colocar alguma música tranqüila para tocar
E soltar a fumaça devagar pela boca para aproveitar cada resquício do gosto do tabaco
Querendo aproveitar cada momento da tranqüila solidão praticamente rara
E pensar sobre as coisas, todas as coisas...
Tirar os sapatos mas não as meias, de forma a esquentar um pouco mais os pés...
Poder sentir o vento batendo da janela aberta do décimo quinto andar diretamente nas costas
E desejar muita paz, paz
Perceber que as coisas andam tranqüilas e que nada é realmente dor ou sofrimento
Apenas uma sensação boa no coração
Mesmo com algo estranho que bata no peito uma vez ou outra
Saudade, quem sabe
E logo tudo se vai e tudo passa e tudo volta a ser contemplação de um momento
Os móveis, as cores, os cheiros...
A vontade de conversar com um amigo e falar sobre todas as coisas que são proibidas a si mesmo
Mas então, o que é realmente proibido?
Apenas aquelas coisas que tentamos com toda força esconder de nós mesmos...
Até quando?
Até o fim de algum dia incrivelmente longo, talvez.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um milagre cotidiano

Andava eu então por São Paulo rumo ao meu apartamento, após mais um dia comum de trabalho e com todas aquelas minhas preocupações muitas vezes até mesmo exageradas (na maioria delas), tanto quanto exasperada (meu atual estado de espírito desde umas duas semanas atrás), e pensando sobre uma forma prática de encontrar em algum lugar aquela coisa que me faltava (um novo emprego, ou um curso de culinária talvez), quando cruzei a Paulista com a Consolação. Fui descendo a rua distraidamente, quando por algum motivo desimportante, decidi entrar em uma dessas grandes lojas de roupas e acessórios (lojas Pernambucanas, para ser mais exata e mil vezes menos poética).
Fui olhando as roupas vagarosamente, comecei a pensar sobre o que iria vestir no aniversário de uma amiga daqui umas duas semanas, sobre fazer algumas compras de roupas da nova estação, sobre a Rua José Paulino e sobre o Brás. De repente, percebi mesmo sem perceber, que por um momento havia esquecido todos os meus problemas, possíveis neuras e loucuras, e principalmente sobre o fato de ter deixado de levar meus óculos ao fórum (motivo pelo qual peguei a Consolação de volta ao apartamento onde moro). Comecei a viajar naquele momento de vagueza mental do tipo extremamente raro para uma pessoa como eu, quando olhei de relance para meu braço direito e vi algo diferente da cor de minha jaqueta meia-estação e fiquei com medo do inseto que havia pousado em mim. Era uma mariposa, estava certa disso. E precisava tirá-la de mim, urgentemente. Odeio mariposas e tentei bater o braço no ar para que a escrotinha voasse para algum lugar bem longe de tudo o que me pertencia.
Um funcionário da loja reparou no que acontecia e instantaneamente me ajudou com a mariposa, batendo uma blusa nela para que fosse a outro lugar. Quando levantou vôo, logo reparei em algo surpreendente: não se tratava de uma mariposa, mas sim de uma bela borboleta de tamanho médio e cor de mel com manchas de um marrom um pouco mais escuro. No momento em que percebi a condição de borboleta daquele bichinho que segundos atrás havia julgado escroto, deparei-me com algumas pequenas verdades as quais tinha esquecido por completo – se não ignorado – com a visão pessimista construída em minha mente por uma equação de motivos x.
Acontece que de alguma forma, percebi o ocorrido como um pequeno milagre daqueles tão comentados pelas pessoas e tão relatado nos livros e filmes e músicas, milagre bonito e que eu já julgava fictício. Sofri um leve choque de realidade que bateu em meu corpo como os pequenos fisgares de eletricidade que eu tanto precisava.
Sendo tão honesta como em nenhum outro momento deste texto, meu dia tinha sido um porre e eu estava magoada pra caralho. Na verdade, não posso deixar de dizer que ando bem magoada e sensível com tudo. Mas a borboleta mudou meu dia. Qual a probabilidade de algo assim acontecer dentro de uma magazine gigantesca localizada em um dos locais mais poluídos, estressantes e sujos do país num dia triste e chuvoso? São Paulo parecia chorar. Pelo menos a meu ver.
Prefiro acreditar que as chances de todo o lance são pequenas, muito pequenas, e que talvez aquela borboleta que me encontrou e depois saiu voando seja a coisa pela qual tenho pedido constantemente ao que cabe a cada um denominar de Deus, força, energia ou qualquer outro nome. Prefiro acreditar que a borboleta tenha sido para mim um sinal de esperança. O mesmo sinal que dias atrás pensei ter sentido no vento repentino e momentâneo que soprou pela janela do 14º andar diretamente em minha direção. E eu bem sei que não é possível uma vida sem esperança. Todos precisam de esperança para viver. Até mesmo os fortes. Aliás, o que é ser forte? Mais uma coisa a qual desconheço significados.
Esses dias li uma frase postada por uma amiga, frase de Guimarães Rosa e que diz assim: ‎"Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo." Talvez a minha vida seja assim: repleta de milagres cotidianos que na maioria das vezes me encontro incapaz de enxergar. Milagres como um sorriso, um gesto, um abraço, uma gentileza de algum desconhecido ou até mesmo um bom dia. Um pedido de perdão ou a descoberta de um grande amigo. Milagres que eu mesma sou capaz de realizar diariamente, desde os pequenos até os grandes. Por que todo milagre por sua condição de milagre é constituído de pura grandeza. Então prefiro seguir assim: acreditando e realizando. O destino de cada um, em sua mais direta significação, é determinado por cada um através de suas escolhas e atitudes. Meu tempo não é eterno.