quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Texto sem título.

Escrever.
Mas sobre o que?
Talvez a respeito dos dias que se intercalam numa rotina de acabar rápida ou vagarosamente.
Ou então sobre olhos e sorrisos que enganam a qualquer alma que não queira ver algo realmente nada mais comum que todos os demais.
Escrever sobre uma expressão facial momentaneamente pura em todos seus diversos sentidos, ao tratar-se de algo para o qual se dá um valor mais especial que o de costume.
Relembrar a respeito de coisas tidas certamente como sonhos durante um certo período de tempo - às vezes até mais curto que qualquer período de um sonho verdadeiramente sonhado deveria ser - e que depois desaparecem como remota e vaga ilusão de algo que apenas poderia ter sido vivido.
Poderia ter sido mas não foi.
E a culpa é de quem?
De quem é a culpa de sonhar e iludir e sonhar e iludir repetitivas e constantes vezes, vezes possivelmente até mesmo mais constantes e velozes que o bater dos cílios num piscar de quaisquer olhos humanos?
E quem deu direito ao homem de julgar o devaneio alheio com o repúdio encontrado naqueles que não toleram a possibilidade da existência de nada ultrapassador das barreiras consideradas aceitáveis segundo certa forma de comportamento pré- estabelecido dentro daquilo tido como digno dentro do convívio social ideal?
E quem disse que há direito de julgar o desigual?
Não há. Pois o desigual também não há.
E igualmente não há nada do que aqui alguns minutos atrás foi escrito.
Não há nada disso.
Aqui não há de haver nada.

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