quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Momentâneos...

Momentos de pouco sentir. Inquietude quieta. Rebuliço interno. Querer e não saber. Querer sem saber o que. Procurar o que não se tem certeza. Tentar se encontrar no meio de tanto caos. Insensatez. Dúvidas e desorganização. Destinos e lugares escondidos. Caminhos subterrâneos e passagens secretas. Tudo aquilo que se custa a encontrar. E procurar. Procurar e tentar entender. Percorrer o mundo em busca de alguma coisa mais concreta. Alguma coisa que escape menos que a areia entre os dedos. Tentar entender toda essa vida que precisa ser vivida e conquistada. Quando a maior parte da vida não se conquista ao nascer. A vida se vive vivendo. A vida se vive buscando e conquistando. Conquistando vida com vida. Viver a vida conquistando a vida. E eu aqui, ainda procurando um caminho para seguir e conseguir conquistar mais a minha.

domingo, 14 de novembro de 2010

De dentro do metrô... - parte 3

Durante cinco minutos antes de entrar no vagão, me deparei com sonho e ilusão. Cinco minutos de paz e perdição. Cinco minutos para enxergar muito e acabar por não ver nada. Quando se enxerga muito, e não se vê nada. Quando tudo é muita coisa, mas muita coisa incapaz de preencher. Onde a loucura é só loucura. E onde a paz é só paz. Onde não existe o êxtase primordial. Onde não existe a plenitude de estar vivo em si. Onde o relógio só existe para marcar o tempo que passa, mas sempre volta. Passa e sempre volta. Onde o circuito do ciclo vazio é completo e preenchido. Preenchido, e ao mesmo tempo vazio. Onde se come apenas por comer. Onde se escuta apenas por escutar. Onde se anda apenas por andar. Se anda apenas por andar. Mecânico, desumano. É tudo máquina nesse modo de pensar. E aquela antiga humanidade desumana, onde foi parar?

sábado, 13 de novembro de 2010

De dentro do metrô... - parte 2

Quando tudo aponta como certo aquilo que parece estar errado. Quando sempre alguma coisa acontece no momento ápice de uma decisão. Quando parece se encaixar, mas apenas desmonta mais. Quando a pureza não é mais tão pura. Quando um olhar não é mais um olhar. O que resta no meio de tanta gente nesse mundo? O que sobra de tanta vida não vivida? Despedida. Qual o remédio capaz de devolver a lucidez? Qual o veneno que se confunde com a cura perfeita? A cura certa é incerta. A cura certa é só risco. Risco em busca de um sonho perdido por ruas incertas repletas de vidas. E no meio de tanta vida, onde se encontra a vida? No meio de tanta sede, onde se encontra o cálice que sacia? No meio de tanta coisa, onde se encontra o átomo? A concentração repleta de toda a energia existente? Onde se encontra o meu átomo em mim?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

De dentro do metrô...

Até o trem parar de andar

Eternamente apaixonado. Eternamente louco apaixonado. Eterna e loucamente, confusa e loucamente, estúpida e loucamente apaixonado. Paixão e loucura. Plenitude. Define luz e escuridão. Paradoxos. Define. Querer e não querer. Define. Sentir e não sentir. Define. Viver e não viver. Define confusão. Mas não poesia. Prosa, mas não poesia. Não saber descrever a beleza de uma flor. Não conseguir encontrar espaço para armazenar dor. Dor sem cor. Dor por dor. E doer sem querer. Doer por querer e não querer. Definir. Sentir e não sentir. Definir. Viver e não viver. Definir. Doer só por doer. Doer só por doer. E doer sem nunca querer. E doer até o trem estacionar. Até o trem parar de andar.


“A vida corre pelas ruas numa busca sem sentido
Enquanto o mundo vive em guerra por paz
Não me pergunte o que é que eu quero da vida
O que é que eu quero da vida eu tenho sede de mais
A vida flui na sua loucura e o momento é decisivo
Mas agora estou confuso demais
Não me pergunte o que é que eu quero da vida
O que é que eu quero da vida eu tenho sede de mais”

Charlie Brown Jr. – Tudo pro alto

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre sonhos e realidade.

Sonhos muitas vezes se confundem com realidade. Sonhos muitas vezes não estão tão perto, nem tão longe. Sonhos muitas vezes estão ao lado direito, ou esquerdo. Sonhos muitas vezes estão adiante. Alguns sonhos nascem impossíveis e se tornam possíveis. Outros nascem possíveis e se tornam impossíveis conforme o curso da vida. E muitas outras vezes, na maioria das vezes, sonhos são só sonhos.
Sonhos são só sonhos que podem se bater com outros sonhos. Chocar, esbarrar. E quando um sonho se depara com outro sonho... Ah, como escolher o sonho mais sonhado? Sonhos são sonhos. Como optar por um sonho em troca de outro sonho? Como decidir por um sonho mais querido? Sonhos são para sonhar.
Sonhos são para buscar. Sonhos são para lutar. Sonhos são para viver. O que seria da vida sem ideais? O que restaria no vazio da vida, se ela se encontrasse vazia de sonhos? A vida seria só vazio. A vida seria cheia vazio. Pois sonhos são para sonhar. Sonhos são para sonhar e viver. Então, como desistir de um sonho? Sonhos abandonados deixam burracos. Sonhos abandonados deixam imensos buracos vazios. Eles descobrem o vazio. Como deixar de sonhar?
Sonhos não são para se abandonar, sonhos são sempre sonhos. Como não parar de buscar um sonho? Como continuar sonhando, se sonhos ao mesmo tempo em que preenchem a vida, se confundem com outros significados de vida? A vida real. Sonhos se confundem com a vida real. E na vida real, é preciso optar por certos sonhos. Em troca de outros. Optar por alguns sonhos, em troca de outros sonhos. E eu vivo na vida real.
Eu vivo na vida real, em uma selva de pedras. Vivo num sistema, sou parte de um sistema. Sou alienada por um sistema, completamente alienada. E escolho abandonar meus sonhos, pois é isso que me ensinam. Meu mundo me ensina a abandonar meus sonhos. Meu mundo real. E dois sonhos são muita carga para o meu mundo real, mundo de gente. Preciso abandonar um sonho, mas não sei qual. Estou abandonando um sonho, e ainda nem ao menos me dei conta disso.